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Um século de sonhos

O livro Interpretação dos Sonhos ( Die TraumDeutung), de Sigmund Freud, editado em 1899, foi decisivo no processo de consolidação da psicanálise. Destacou-se como um dos clássicos da literatura científica. Próximo de completar cem anos, o best-seller freudiano foi determinante para a divulgação e conhecimento do gênio criador do pai da psicanálise. Freud, de início, não ficou satisfeito com a forma e o estilo do livro. Depois de alguns anos, com o desenvolvimento da nova ciência, ele assim de manifestou sobre o trabalho: “Contém a mais valiosa de todas as descobertas que minha boa fortuna permitiu-me fazer. Revelação como esta, o destino nos concede apenas uma vez no curso de uma existência”.

Interpretação dos Sonhos é uma obra revolucionária, símbolo de uma época, um estudo do fenômeno onírico que revela um dos momentos culminantes da psicologia.

O livro foi editado em 4 de novembro de 1899, revelação feita em carta a Wilhelm Fliess pelo próprio Freud: “Ontem, afinal, o livro apareceu”. Ele sempre considerou o livro sua obra mais importante. Consta que Interpretação dos Sonhos vendeu apenas 351 exemplares nos seis primeiros anos de publicação. A segunda edição só ocorreu depois de dez anos. Nos primeiros anos, apenas alguns psicanalistas que tratavam de neuróticos utilizavam a obra em suas pesquisas. Mas Freud foi categórico em defesa de seu trabalho: “ Durante os longos anos em que venho lidando com os problemas das neuroses, muitas vezes laborei em dúvida e às vezes fui abalado em minhas convicções. Em tais ocasiões, foi sempre a Interpretação dos Sonhos que me fazia recobrar a certeza. Foi, assim, um instinto certo que levou muitos dos meus opositores científicos a se recusarem a acompanhar-me, mais especialmente em minhas pesquisas sobre sonhos”.

Mais tarde ele lembrou que suas pesquisas a respeito dos sonhos não poderiam permanecer inalteradas em decorrência do progresso dos conhecimentos científicos. Disse que quando escreveu o livro, sua teoria sobre sexualidade ainda não existia e a análise das formas mais complexas de psiconeurose apenas começava. O interesse pelo livro continuou crescente, mesmo com o curso da Primeira Guerra Mundial.

Enquanto vivo, Freud presenciou a tradução de sua obra para o francês, sueco, espanhol, russo, japonês, inglês, húngaro e tcheco. Suas obras completas foram publicadas em 1929, em Viena, sob os auspícios da Internationaler Psychoanalytischer Verlag. Observa-se que nos sonhos, por exemplo, algumas pessoas conseguem falar línguas estrangeiras com mais facilidade do que na vida real. Freud explica: “Todo o material que compõe o conteúdo de um sonho se origina, de certa forma, da experiência – foi reproduzido ou lembrado no sonho. Mas seria um erro supor que uma ligação dessa natureza entre o conteúdo de um sonho e a realidade está destinada a vir à luz facilmente, como resultado imediato de um confronto entre eles”.


Gustavo Dourado

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