Entrevista do poeta Gustavo Dourado a
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01-Como
você se tornou um poeta ou escritor?
GD - Comecei lá no interior
da Bahia, no meu povoado de Recife dos Cardosos, Ibititá-Região
de Irecê/Chapada Diamantina. Influenciado pelo poesia oral,
poesia popular do cordel, do repente, das emboladas, das pelejas
e desafios dos cantadores repentistas,nossos magos e telepatas
do verso e da palavra. Ouvindo causos, estórias e contos populares.Também
muito me influenciou as leituras bíblicas, principalmente
do Apocalipse, do Pentateuco, dos Salmos, de Davi e dos Provérbios
de Salomão.
02-Quais
as dificuldades que encontrou nesta profissão?
GD - As dificuldades
são muitas, num país de milhões de analfabetos e poucas oportunidades
culturais. As editoras são muito seletivas e discriminatórias.Quase
não há espaço para Poesia. Quem não tem padrinhos ou dinheiro,
geralmente é preterido.Se for político ou poderoso, o espaço
é garantido. Ainda enfrento muitas dificuldades. Luto para
superá-las. A mídia só divulga o estabelecido e que tenha
interesse da Indústria Cultural ou que esteja no Cânone literário.
E ainda tem as famosas panelinhas acadêmicas e editoriais.
Vivemos sob um sistema cruel, consumista e desumano. Quem
est[a fora do eixo Rio-São Paulo enfrenta maiores dificuldades.
O escritor tem um papel muito importante na evolução social
e cultural da humanidade. Temos que quebrar todas as barreiras
que nos são impostas pelo sistema, que só visa o lucro e o
consumo imediato... Continuemos a lutar por nossos objetivos
e conseguiremos alcançar...Um dia chega a realização e o reconhecimento....
Melhor que seja enquanto vivo... Com a Internet, a literatura
e a poesia deram um salto qualitativo no aspecto da edição
e da divulgação. Espero com o tempo, romper as barreiras e
conseguir uma melhor divulgação de meu trabalho.
03-O
que é mais gratificante na arte de escrever?
GD - A inspiração, a
magia da criação e o contato com os leitores e amigos. Gratifica-me
pessoalmente a leitura dos grandes mestres da ficçao e da
poesia brasileira e universal. São alicerces fundamentais
para o nosso desenvolvimento e crescimento como escritores
e poetas. Fico feliz em poder experimentar o ato divino da
escrita e da invenção.
04-Qual
é o seu estilo literário?
GD - Eu sou da linha
popular do cordel e da literatura experimental. É uma vertente
que reúne o erudito e o popular. A inspiração e a transpiração
literária, dos populares Patativa do Assaré e Zé Limeira,
aos eruditos Guimarães Rosa e James Joyce. Trabalho vários
aspectos da linguagem, a metáfora e a construção de neologismos...como
mãeterna.
05-Há
algum poeta ou escritor que o influenciou?
GD - Praticamente todos
os poetas e escritores de todos os tempos. Os escritores bíblicos,
os cordelistas, Guimarães Rosa, James Joyce, Drummond, Bandeira,
Castro Alves, Cecília Meireles, Rachel de Queiroz, Torquato
Neto, Leminski, Glauber Rocha...Gullar...os experimentais.
Pessoa, Machado, Graciliano, Clarice. Todos os mestres e mestras
universais da linguagem e da palavra, dos quais tive o prazer
de ler os seus livros.
06-Que
conselhos você daria para quem está iniciando a carreira literária?
GD - Leia muito, muito.
Leia os clássicos universais, os grandes romancistas e poetas.
Machado de Assis, Cecília Meireles, Guimarães Rosa, Camões,
Hoemero, Balzac, Flaubert, Lorca, Euclides da Cunha, Goethe,
Joyce. Os modernistas. Os tradicionalistas. Leia de tudo o
que for bom. E escreva muito. Risque, rabisque, experimente,
corte. Reescreva sempre.
07-Para
escrever como vem sua inspiração? Depende do estado de espírito,
da emoção do momento?
GD - É uma mistura de
emoção, pesquisa, prece, espiritualidade e muito suor e transpiração.
O momento também favorece, o ímpeto, o impulso, o espanto.
08-Qual
foi o momento mais gratificante ao se tornar um poeta ou escritor?
GD - Quando se tem o
contato com os leitores e quando as pessoas comentam e reconhecem
o seu trabalho. Quando o trabalho é divulgado e lido...e o
melhor que um autor pode desejar é o reconhecimento do público.
09-É
possível se sentir realizado como poeta ou escritor?
GD - Sim e não. Só me
sinto realizado, quando os leitores me reconhecem. O reconhecimento
pela mídia, depende de marketing e muita propaganda. Às vezes,
o reconhecimento só vem na velhice e na maioria das vezes
após a nossa morte. Sinto-me muito bem quando recebo um contato,
um email, um telefonema. Um convite para participar de um
site, de entrevistas, palestras, lançamentos, recitais..
10-Conte
uma experiência agradável e outra desagradável em sua vida
como poeta ou escritor.
GD - Foi muito agradável
publicar o meu primeiro livro virtualPhalábora www.bibliotecasvirtuais.com.br/biblioteca/gustavodourado/phalabora/index.htm
e o meu site Gustavo Dourado www.gustavodourado.com.br. O
desagradável é não conseguir divulgação nos jornais, que quase
sempre estão voltados para a moda, o colunismo soçaite, as
abobrinhas, a vulgaridade, o novelismo, o besteirol, a violência
e fofocas da política, da burocracia e do economês.
11-A
partir de qual momento, você sentiu que gostaria de abraçar
esta arte literária?
GD - Foi em 1979, quando
iniciei o Curso de Letras e Literatura, na UnB - Universidade
de Brasília e participei de minha primeira exposição literária
e de um recital poético. A partir daí entrei com vontade no
universo literário e vamos em frente com a bênção de Deus.