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ENTREVISTAS



Entrevista de Gustavo Dourado a Fernanda Martins

01 - Quando começou o gosto pela leitura?
GD - Bem cedo, por volta dos cinco anos, quando eu morava em Recife dos Cardosos-Ibititá-Região de Irecê, no sertão da Chapada Diamantina Setentrional - Bahia...Comecei a ler no Cordel e na Bíblia. Aprendi muito na literatura oral dos cantadores, contadores de causos e histórias sertanejas e lendas universais. Lá é uma região mágica e povoada de mistérios. Habitat do homem sertanejo e sua fé inquebrantável nas forças da natureza e do cosmos. Sertão de Antônio Conselheiro e dos jagunços...Sertão do Deus-Dará, que aguarda um salvador para extinguir a miséria, a opressão secular, a fome e a dor do subdesenvolvimento. Onde mesmo diante de tanto sofrimento, o homem é feliz, apesar dos pesares. Ele resiste a todas as intempéries e peripécias: Da seca inclemente à falta de uma educação formal mais estruturada...Ele espera e a esperança é o seu alimento. É o sonho de se viver um tempo melhor e mais agradável aos sentidos.
02 - Ingressar no ramo da literatura é complicado?
GD - É complexo. É muito difícil e cheio de adversidades e conflitos pessoais, sociais e econômicos. Em um país de crônico analfabetismo, corrupto e faminto, é difícil ser escritor e mais ainda ser poeta. É uma barra. Falta de tudo. Não há incentivo para a leitura nem para os escritores editarem as sua obras. Poucos conseguem furar o duro bloqueio da ignorância e do capitalismo selvagem globalizado, que aliena o homem com mil futilidades, enlatados, o besteirol e o tédio do midiotismo. É mais fácil ver televisão do que se ler um livro. Quem lê vence o tédio e a ignorância e se liberta do servilismo e da alienação.
03 - O que o fez pensar que você deveria ser um escritor?
GD - Desde menino eu sentia a verve do escritor e do poeta. Tornei-me escritor para desnudar a alma e a poesia de nosso povo sertanejo, resistente como um mandacaru e múltiplo como um umbuzeiro. Tudo no sertão conspira para se ser escritor: o clima, o céu repleto de luz e estrelas, os personagens, o enredo da vida e a luta contínua pela sobrevivência.
04 - O que significa a literatura para você?
GD - A literatura é a minha própria vida. É a razão de minha existência. Sem a literatura não sou nada. E sou infinito com a poesia. A literatura alimenta a minha alma e fantasia os meus sonhos. A literatura e o livro são fundamentais para libertar o homem da opressão do consumismo. do egoísmo e da midiocridade.
05 - Qual o seu trabalho mais recente?
GD - Tenho muitas obras inéditas, dezenas de livros e centenas de cordéis. Phalábora www.gustavodourado.ebooknet.com.br é a minha última obra física publicada, com disponibilização gratuita pela Internet: www.gustavodourado.com.br
06 - O que o fez publicar suas obras na internet?
GD – A facilidade de eu mesmo me editar e distribuir o trabalho e a falta de espaço nas grande editoras comerciais. Quase ninguém valoriza a poesia no mercado editorial. Só se é valorizado se ganhar algum prêmio importante ou se tiver um bom agente literário(para se ter esse agente tem que ser famoso ou ter uma boa autonomia financeira). O espaço para a poesia é mínimo. É preciso que se reverta a dramática situação e a Internet é um meio mais acessível para publicaçãoes.
07 - De todas as suas obras publicadas qual você se identifica mais e pq?
GD – Me identifico mais com Phalábora. É uma síntese de meu trabalho. Nesse livro expus os melhores momentos de minha criação, pelo menos até 1997, ano da publicação impressa e depois revista na Internet(2001). Misturo elementos da cultura erudita experimental com a poesia popular de cordel.
08 - O que diria aos jovens que pretendem ser escritores?
GD – Que estudem muito e pesquisem o máximo possível. Leiam os grandes clássicos da Literatura Brasileira e Mundial: Machado de Assis, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Herberto Sales, Adonias Filho, Clarice Lispector, James Joyce, Homero, Dante, Goethe, Pound, Camões, Pessoa, Ariano Suassuna, Lorca, Borges, Pablo Neruda, os russos, os franceses, Shakespeare. Leiam bastante poesia, contos, crônicas, romances, cordel, jornais, revistas e vejam bons filmes e ouçam boas músicas(Caetano, Chico, Noel, Pixinguinha, Raul Seixas, Zé Ramalho, Elis Regina, Tom Jobim, Milton Nascimento, Villa-Lobos, MPB. Vivam a vida. Aproveitem os melhores momentos da juventude. Preservem a natureza e leiam o máximo. Leia tudo de bom...Amem e sejam amados. Vivam com vontade e experimentem as boas coisas da vida. Sejam honestos e trabalhadores, éticos e verdadeiros. Vivam os sonhos e as fantasias com fé e entusiasmo....

 

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