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Phalábora

Gustavo Dourado

Sob o signo da invenção, o baiano oriundo de família tradicional de Ibititá (região de Irecê), Chapada Diamantina, mas residente há 24 anos em Brasília, Gustavo Dourado, de pseudônimo Amargedom, propõe-se a reinventar e, com tal intenção, envereda sua poesia pelos campos da ecologia, da informática, da política, da economia, do cinema, das artes gráficas, da semiótica, da crítica e da sátira, da ironia, da denúncia, da literatura de cordel, de muito mais e de tudo enfim procurando abrir brechas na vastidão de possibilidades que lhe oferecem as palavras e uma prole numerosa de signos icônicos e indiciais.
Trata-se de um criador multimídia, a movimentar um poderoso arsenal de recursos poéticos e transpoéticos, de inesgotável utilização dentro de sua determinação em desvendar os segredos do mundo e denunciar suas mazelas, fazer apologias e proferir julgamentos, inventando linguagens e postando-se em estado permanente de criar. Não recua diante da necessidade de criação de novas palavras, por fusão, aglutinação ou justaposição, nem diante do caos em que porventura essa fertilidade resulte.
Quanto a isto, a terra é fecunda, por vezes apocalíptica. Glauberrando, cinemagia, Rimbaudelaire, fonemastigando, termos colhidos a esmo, são apenas alguns exemplos, de que o verbo volpintar, usando o sobrenome do pintor italiano-paulista, impressionou o crítico de arte Olívio Tavares de Araújo.Poundiano, concreto, expressionista, pop, rótulos por certo não faltarão para pregar na testa de Amargedom, em quem Darci Ribeiro viu "o faro, o ritmo, a vibração, a energia e a criatividade dos grandes poetas", e Affonso Romano de Sant'Anna, uma poesia a estilhaçar "ironias em granadas a granel, infinita e iluminada". Moacyr Scliar o qualificou como "expressão maior da cultura brasiliense".