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O sonhador vai adiante do seu tempo
(por Thomas Hohl)

Os homens que antevêem os momentos importantes da humanidade ou ultrapassam os recursos de suas épocas com suas invenções, não são aqueles que simplesmente adivinham o futuro como um jogo de apostas, mas são os que sonham além dos limites do cotidiano.


A história nos trás vários exemplos geniais como Leonardo da Vinci, Julio Verne, Albert Einstein entre tantos outros. No entanto, eu destacaria um que não está tão presente nas nossas memórias : Erasmo de Rotterdan.


Seus sonhos centravam-se na idéia de um continente europeu unido , indo até mais longe com "Um mundo inteiro em uma pátria comum" (Querela Pacis). Contudo , Erasmo não via a união pela força com a destruição dos mais fracos como os Cesares romanos, Carlos Magno, Napoleão ou Adolf Hitler, mas pela união dos diferentes. É difícil imaginar alguém no século XVI que sonhasse com os Estados Unidos da Europa sob os moldes de uma cultura e civilizações comuns, mas respeitando suas diferenças e num mundo globalizado.


Suas palavras podem ser aproveitadas até hoje - " Quando os animais se entredevoram, compreendo e desculpo sua inconsciência; entretanto os homens deveriam entender que, já em si, a guerra é necessariamente injusta, porque em geral não sacrifica os que provocam e dirigem, mas incide quase sempre sobre os inocentes, no pobre povo

que nada tem a ganhar nem com a vitória nem com a derrota . Na guerra, a maior parte dos males recai sobre os que nada ter a ver com ela e, ainda quando tudo ocorre da melhor maneira, a felicidade de uns é o dano e a ruína dos demais".Erasmo pensava assim, sendo considerado o primeiro teórico literário do pacifismo.


Para ele não havia o dominio teológico ou filosófico que formassem uma verdade absoluta e uniforme. Na opinião de Erasmo de Rotterdan, a verdade é sempre complexa e multiforme. Todo o direito tem duas faces, as circunstâncias se deformam e viciam por obra da parcialidade. Mas, ainda o que se julgar no direito, não deve defender ou impor com violência, pois esta nunca será a solução moral de um conflito.


Sua linha de pensamento influenciou filósofos com Diderot, Voltaire e Lessing, ao mesmo tempo céticos e idealistas, que combatiam o estreitamento mental, a favor de uma ampla tolêrancia, ou melhor, da flexibilidade de idéias.


O espírito de concordia se fez presente até os nossos dias com personagens como Gandhi e Nelson Mandela que viam o direito da moral sobrepor-se sobre a violência.


Erasmo de Rotterdan acreditava que sem ter o momento para sonhar, a humanidade estaria inibida do ato de criar.


Thomas Hohl
Autor de : "Escravo dos Sonhos", "O Homem de Cristal", "Crônicas, Poesias, Contos & Opiniões", "Prisioneiro do Pânico" e a coletânea de histórias "Os Sonhadores" (este será lançado em breve).

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