Brasil,
país invivível?
(por Maria José Zanini Tauil)
Invivível= prefixo
in (negação) mais o radical viv (de
viver) mais o sufixo ível (possibilidade), ou seja,
país onde não seria possível viver.
Afinal, essa palavra existe? Não. Ela foi dita pelo sociólogo
Betinho, há anos atrás,
numa entrevista para a Folha de São Paulo: "é
preciso reverter o quadro de miséria do país, caso
contrário,ele se tornará invivível".
Ele inventou a palavra.
Isso é neologismo, que significa nova palavra: neo
(novo) latino, mais logos (palavra) grego.
Os neologismos estão ligados a todas as inovações
dos diversos ramos de atividades humanas, seja arte, política,
técnica ou economia.
A língua - pátria é viva e se renova a cada
dia. Reflete a busca frenética de novidade, evoluindo e
introduzindo novos termos logo aceitos. Os gramáticos e
os puristas, (que fiscalizam o uso e o desuso do idioma) chamam
a isso de vício de linguagem. Muitos deles, porém,
já foram aclamados e consagrados.
Há uma briga entre lingüístas, (que são
os verdadeiros especialistas no assunto) e entre os defensores
de uma tradição dogmática e anticientífica
(os puristas).
Infelizmente, a mídia tenta preservar normas ultrapassadas.
São professores, jornalistas, advogados não ligados
à pesquisa, que não tentam se atualizar sobre as
novas tendências lingüísticas. Para Marcos Bagno,
doutor em lingüística, esses são os "gramatiqueiros",
"pseudo-especialistas", porque fazem os educandos decorarem
regras que ninguém mais usa. Segundo esse escritor, é
um mito dizer que a língua portuguesa é difícil.
O objetivo do ensino, deve ser formar usuários competentes
da língua e não professores cheios de teorias e
regras. A norma culta dos livros, a idealizada, deveria ser posta
de lado, para dar lugar à norma culta real, identificável
na fala e na escrita atual da população culta do
país.
Regras são contra a evolução? Creio que sim.
Posso dizer mil vezes ao meu aluno que o verbo assistir
é transitivo indireto em "vou assistir ao filme";
ele dirá sempre:"assisti o filme". Muitos jornalistas
insistem, fazem questão do uso correto, dizendo "ao
filme" e depois se traem com "o filme foi assistido
por...". Erram feio, simplesmente porque o verbo transitivo
indireto não admite essa forma passiva.
Muitos escritores modernos sacrificam a gramática em função
de uma expressividade maior. O importante é descobrir quando
o erro revela desconhecimento, ou quando é recurso estilístico.
Eles, os escritores e os poetas, usam e abusam dos neologismos
porque são recursos eficazes que enriquecem a obra.
Eis um fragmento de "ARTEMPOESIA", do poeta Gustavo
Dourado. Inventar palavras é uma das características
de sua poesia. Leia mais em www.gustavodourado.com.br 
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