7o
Encontro Estadual de Escritores
(por Abilio Terra Junior)
Participei, com a
minha esposa Luiza Helena, do 7o Encontro Estadual de Escritores,
realizado na cidade de Cambuquira, Minas Gerais, nos dias 08,
09 e 10 de julho de 2004.
Cambuquira é uma das cidades do “Circuito das Águas” de Minas
Gerais, famosa por suas águas minerais, consideradas da melhor
qualidade. Viveu seus dias de glória até à época em que o jogo
foi proibido no país. A partir daí, entrou em um período de decadência,
assim como as demais estâncias hidrominerais do Estado. Vimos
um prédio abandonado de um imenso hotel, o “Elite Hotel”, que
espelha este fato.
Comenta-se agora que Cambuquira voltará a viver dias de prosperidade
com investimentos estrangeiros em um hotel que está sendo restaurado.
Mas, de qualquer forma, Cambuquira é uma bela cidade, típica do
Sul de Minas, com seu “Parque das Águas”, sua baixa temperatura
nesta época do ano, seus hotéis, seus doces e queijos saborosos,
sua localização privilegiada e sua gente simpática e acolhedora.
Chegamos ao Hotel Santos Dumont, onde nos hospedamos e onde se
realizou o Encontro, no dia 07/07, quarta-feira. O Hotel possui
três andares, mas é imenso no sentido horizontal, com corredores
que parecem não ter fim. Possui um grande restaurante e um grande
salão, onde se realizou o Encontro.
Ao chegar, fiquei logo conhecendo o Coordenador do Encontro, Adolfo
Maurício Pereira, um senhor entusiasmado e dinâmico, com muitas
idéias e também um avançado sentido prático, para colocá-las em
ação. No dia 08/07, quinta-feira, realizou-se a sessão de abertura,
às 14 h, com a presença de diversas autoridades.
Logo em seguida, houve o painel “Poesia Musicada”, sob a coordenação
de Adolfo Maurício Pereira, poeta, contista e organizador do Encontro,
tendo como moderadores, Hugo Pontes, poeta, Wagner Torres, poeta
e editor e Petrônio Souza, cronista. Foram apresentados poemas
de autoria de famosos poetas que foram musicados, como “Vaca Estrela
e Boi Fubá”, de Patativa do Assaré, “Tirana”, de Castro Alves,
“Rosa de Hiroshima”, de Vinícius de Moraes, “Prece Cósmica”, de
Cassiano Ricardo, “A Língua do Nhem”, de Cecília Meirelles, “Notícia”,
poemas de Augusto dos Anjos e Dantas Motta, “Zorongo Gitano”,
de João Cabral de Melo Neto e “Canteiros”, de Cecília Meirelles.
Todos foram comentados por Adolfo Maurício Pereira, e entrou em
debate a questão “poemas x letras de música”. Hugo Pontes citou
Manoel de Barros: “o sentido normal das palavras não faz bem à
poesia”. Ele insistiu em que “a estrutura do poema não é feita
para ser música”. Comentou também que “gostaria de ser um bom
letrista pois viveria de direitos autorias, mas sou poeta e meus
livros não vendem.” A amiga Ignez Montepulciano deu sua opinião
abalizada, dizendo ser contra quaisquer radicalismos.
Às 19 h, houve o espetáculo cênico-poético “Poemas de Corte”,
com os poetas Luiz Edmundo Alves e Wilmar Silva, que foram muito
aplaudidos. Em seguida, houve uma apresentação musical e coquetel.
No dia 09/07, sexta-feira, às 9 h, tivemos “Escrevendo Fora dos
Eixos”, apresentado por Chico Lopes, escritor, jornalista, tradutor,
comentarista de cinema e programador do Instituto Moreira Salles,
tendo como moderadores Aníbal Albuquerque, escritor e professor
universitário e Wilma Campos Avelar, escritora e acadêmica.
Chico Lopes foi enfático ao dizer da dificuldade que enfrentam
os escritores que não possuem o privilégio de residirem no eixo
Rio-São Paulo e citou diversos exemplos de grandes escritores
que não conseguiram um “lugar ao sol”, simplesmente por viverem
em cidades interioranas, mais especificamente, no caso, na região
Sul do Estado de Minas Gerais. Adolfo Maurício Pereira não concordou
inteiramente com esta afirmativa, citando o seu próprio caso,
em que sempre conseguiu vender os seus próprios livros.
Às 10:30 h, tivemos “Cecília Meirelles – Canção Centenária”, apresentado
por Suely Lindalva Fonseca de Vilhena, mestra em literatura, escritora
infantil, poeta, coordenadora do curso de letras da UNINCOR, com
os moderadores Milton César Pontes, poeta e Guiomar Paiva Brandão,
escritora infantil e poeta. A memória de Cecília Meirelles foi
reverenciada neste evento, baseado em uma tese defendida pela
mestra Suely, com diversos poemas das diversas fases da grande
Cecília sendo relembrados com emoção.
Ás 14 h, “Literatura Infantil”, apresentado por Guiomar Paiva
Brandão, escritora que recebeu importantes prêmios por seus livros
infantis, que comentou sobre a sua rica experiência nesta área,
e “Personagens Mulheres na Literatura Infantil”, apresentado por
Francisca Cristina Alvarenga, poeta, professora e mestranda em
letras e Daianna Basílio de A. P. Neves, mestranda em letras.
A primeira está defendendo uma tese sobre a escritora Guiomar
Paiva Brandão e comentou sobre a sua escolha e sobre a tese em
si. A segunda comentou, entre outros assuntos, sobre o escritor
Monteiro Lobato e o existencialismo expresso na sua literatura
infantil, proibida durante muitos anos pelo Regime Ditatorial
de Getúlio Vargas e pela Igreja, e de como a personagem Emília
seria o alter-ego de Monteiro Lobato, pois ela afrontava todos
os valores estereotipados do Sítio do Picapau Amarelo.
A mestranda Daianna comentou sobre diversos outros contos infantis
famosos, demonstrando argúcia e conhecimento. A amiga Ignes Montepulciano,
por sua vez, se levantou para opinar sobre o assunto em pauta,
esclarecendo que sob o ponto de vista da Teoria Psicanalítica
de Carl Gustav Jung, os personagens dos contos de fadas buscam
o caminho da individuação, tema de que ela trata em seu livro
“Fadas e Bruxas – Um Caminho para o Crescimento Interior”, recebendo
muitos aplausos e despertando o interesse da mestranda Daianna.
Às 15 h, tivemos “Política Nacional do Livro”, mesa-redonda com
Lenir José da Silveira , professor e diretor-pedagógico da UNINCOR
e Sérgio Lara Leite, economista, escritor e jornalista.
ÁS 16 h, “Imprensa Interiorana e Literatura”, mesa-redonda com
diversos diretores-proprietários de jornais da região. Durante
este evento, o auditório esteve com pouca freqüência, o que provocou
a intervenção do coordenador do Encontro, Adolfo Maurício Pereira,
comentando que os escritores deveriam estar presentes naquele
momento, para defenderem as suas posições e direitos perante os
representantes dos principais jornais da região. Comentou-se,
entre outros assuntos abordados, que o Sul de Minas precisa buscar
uma identificação própria, que a imprensa do interior é fonte
primária de pesquisa histórica (Hugo Pontes), “se você quiser
ser universal, escreva sobre sua aldeia”. Sérgio Lara Leite disse
que o jornal “O Patriota”, da cidade de Baependi, foi fundado
pelo seu avô em 1916 e, atualmente, ele, Sérgio, é o seu diretor-proprietário.
No dia 10/07, sábado, às 9 h, houve “Literatura e Identidade Regional”,
apresentado por Bergson Cardoso Guimarães, poeta, escritor, professor,
promotor de justiça e acadêmico, que tratou de diversos temas,
entre os quais, citou o autor de “Ciência com Consciência”, Edgar
Morin, que fala da Religação dos Saberes, que a Literatura é superior
à Ciência, pois o romance fala da Condição Humana, daquilo que
as Ciências Sociais não conseguem abarcar; Felix Guatarri e as
“Três Ecologias”; a importância da literatura, pois ela é a antena
da raça; Victor Frankl, fundador da Logoterapia, “O Sentido da
Vida”.
Às 10:30 h, “Homero e a Enciclopédia da Tribo”, apresentado por
Plínio Fernandes Toledo, filósofo, professor universitário, escritor
e tradutor. ÀS 14 h, “A Obra de Braz Schediak sob a Ótica Backtiniana”,
mesa-redonda sob a coordenação do Curso de Mestrado em Letras
da UNINCOR. Participação dos Mestrandos Lisa Paula Vilela, Camila
Neves L. Melchior, Sérgio André de Carvalho e Daniela Naback.
Às 15 h, “A Arte como Fundamento da Civilização”, apresentado
por José Ortiz Camargo, jornalista, escritor, professor e apresentador
de televisão.
Durante o Encontro, eu distribui folhetos com divulgação do Portal
CEN – “Cá Estamos Nós”, uma apresentação escrita por mim e o questionário
para ingresso no Portal CEN. Colocamo-nos, eu e a Luiza, à disposição
dos que quisessem esclarecimentos a respeito, e esclareci que
como o tempo era curto, os interessados poderiam, através da Internet,
entrar no website e preencher o questionário pela Internet.
Além da amiga Ignez Montepulciano, estiveram presentes no Encontro
as amigas Graça Ribeiro, Lygia Di Lorenzo e os amigos Tadeu Terra
e Francisco Firmo.
No domingo, 11/07, tivemos o grato prazer de visitar em Varginha,
cidade próxima, as residências da Graça Ribeiro e seu esposo Rogério,
da Lygia Di Lorenzo e a bela e imensa fazenda desta última.
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