45
anos de Brasília...a Capital da Esperança ?!
Brasília, cidade-síntese e patrimônio
cultural da humanidade, preconizada pelos Inconfidentes,Varnaghen,
Dom Bosco, Cruls, místicos, poetas e sonhadores alcança a maturidade
com seus 45 anos. Tornou-se uma metrópole monumental, com qualidades
expressivas e problemas cruciais. Prevista para ter 500 mil habitantes
no ano 2000, o DF já ultrapassou os 3 milhões de habitantes e
agiganta-se cada vez mais, com as cidades do Entorno, Região Metropolitana
e Geoeconômica.
Milhares de automóveis, ônibus e caminhões circulam diariamente
pelas vias, eixos, alamedas, esplanadas, praças, ruas e quadras
do Distrito Federal. Os engarrafamentos tornaram-se comuns e o
desemprego é uma constante que ameaça o frágil equilíbrio social.
Centenas de condomínios desregrados, dezenas de assentamentos
a esmo e muitas invasões descaracterizam o cartão postal da cidade
e o plano original de Brasília, desenhado por Lúcio Costa, calculado
por Joaquim Cardoso e executado por Oscar Niemeyer, com as bênçãos
de Israel Pinheiro e JK.
Construída pelo espírito empreendedor do Presidente Juscelino
Kubitschek, a “Capital da Esperança” “assombrou” o mundo com as
suas dimensões e monumentalidade. Do Cerrado íngreme, do planalto
descomunal, nasceu a grandiosa cidade, símbolo da arte e arquitetura
do Século XX e pretenso arquétipo para as cidades do Terceiro
Milênio.
A Brasília planejada pelos empreendedores foi descaracterizada
pela intensa migração e conseqüente esgotamento dos recursos naturais,
o que causou sério impacto ambiental modificando a geografia do
DF. Centenas de condomínios irregulares e assentamentos desconexos
tomaram conta do
panorama do DF. Um exemplo trágico é a dita cidade Estrutural,
uma “favela” incrustada às margens da Belém–Brasília, sem as menores
condições de higiene e salubridade. Ali há um grave problema humano
para se resolver. Falta de tudo: Educação, saúde, segurança e
emprego. A Estrutural é apenas a ponta do iceberg. Outras Estruturais
concentram-se na periferia das principais cidades do Distrito
Federal, com os mesmos problemas e falta de soluções...
Brasília, que já foi um sonho e considerada por muitos a “Ilha
da Fantasia”, gradativamente assiste a uma explosão demográfica
desenfreada e a falta de planejamento em todos os aspectos. Centenas
de ônibus de péssima qualidade e sem manutenção prejudicam o trânsito
e poluem a nossa atmosfera com o descarrego diário de gases e
monóxidos de carbono. As pistas estão esburacadas e mal-conservadas.
Estamos à beira de um caos:
Desemprego, mazelas, desequilíbrios, corrupção, desmandos, peculatos,
crimes a céu aberto e toda espécie de extorsão, a começar pela
ação funesta dos agiotas e dos dilapidadores do erário público.
Terá jeito essa cidade?
Apesar de tudo e de tantos problemas, Brasília tem as suas boas
qualidades: Tem um céu maravilhoso de um azul que desconcerta,
o por do sol mais bonito do mundo e muita gente boa, honesta e
trabalhadora, um pouco rarefeita nesses tempos batráquios, barbudos
e severinos. Preservemos a Brasília, Patrimônio Cultural e Arquitetônico
da Humanidade, das Águas Emendadas, das cachoeiras e do Cerrado,
que resiste a toda espécie de intempéries e barbáries provocadas
pelo dito homem civilizado, que a tudo destrói sem parcimônia.
Será essa a Brasília que deixaremos para os nossos descendentes?
Urge um movimento sério por parte de todos que habitam tão bela
cidade, que um dia nasceu de uma promessa e de um sonho, no sentido
de preservar essa pérola incrustada no coração do Planalto Central.
Viva Brasília e que sobreviva às trágicas armadilhas dos poderosos
e dos predadores que não tem compromisso com o projeto de Lúcio
Costa e JK e com a preservação d eum Patrimônio histórico, cultural
e arqutetônicos da humanidade.
Brasília 45: Salve, salve...Salve-se...
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