43
anos de Educação no Distrito Federal
(Breve Memória da Educação Brasiliense)
A história da educação em Brasília
teve início em 1957, sob a coordenação da NOVACAP – Companhia
Urbanizadora da Nova Capital. A pré – história da educação brasiliense
deve ser pesquisada em Planaltina e Brazlândia, cidades que pertenciam
a Goiás e que foram incorporadas ao Distrito Federal, com as escolas
remanescentes (as atuais Escola Classe 01 de Planaltina, Escola
Normal de Planaltina, Escola Rural das Palmeiras e Escola Rural
de Brazlândia).
Ernesto Silva, médico, escritor, historiador, Diretor da NOVACAP
na fase da construção e pioneiro de primeira hora, foi nomeado
para ser o responsável pela educação em Brasília, nos primórdios
da Nova Capital, lá pelos idos de 1957, até princípios de 1960,
quando foi implantada a CASEB – Comissão de Administração do Sistema
Educacional de Brasília. Ernesto Silva tinha como assessores as
professoras Santa Alves Soyer e os técnicos em educação profª
Nair Durão Barbosa Prata e o prof. Paulo de Almeida Campos, representantes
do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos.
Os pesquisadores devem buscar dados fidedignos, em importantes
documentos elaborados pelo MEC, INEP, CASEB e pela Secretaria
de Estado de Educação:
Decreto nº 47472, de 2 de dezembro de 1959, que institui
a CASEB - Comissão de Administração do Sistema Educacional de
Brasília.
Portaria nº 4, de 5 de janeiro de 1960, que expede o regimento
da Comissão de Administração do Sistema Educacional de Brasília
- CASEB.
Boletim da CASEB, organizado pelo professor Roberto Leobons,
1960.
"Brasília - 10 Anos de Educação".Secretaria de Educação
do Distrito Federal, 1970.
Séries históricas –1960 a 1976/1980. Brasília: DEPLAN,
Divisão de Pesquisa, 1976/1984.
A Origem do Sistema Educacional de Brasília: criação da
CASEB (22/12/1959).Brasília: Secretaria de Educação, Departamento
de Planejamento Educacional,1984.
40 anos de Educação em Brasília / Secretaria de Estado
de Educação do Distrito Federal – Brasília: Subsecretaria de Planejamento
e de Inspeção de Ensino, 2001.
Outros documentos essenciais são os livros dos historiadores
Ernesto Silva e Adirson Vasconcelos.

O
Plano de Construções Escolares de Brasília
Anísio Teixeira, educador de vanguarda, foi o principal mentor
da educação do Distrito Federal, além de ter sido o organizador
das Escolas Parque. Mestre Anísio elaborou o documento básico
(publicado no número 81, volume 35, jan/mar – 1961), da Revista
Brasileira de Estudos Pedagógicos, desenvolvida durante o período
da construção da Capital do Brasil.
Segundo Anísio Teixeira “O
Plano de construções escolares para Brasília obedeceu ao propósito
de abrir oportunidade para a Capital Federal oferecer à Nação
um conjunto de escolas que pudessem constituir exemplo e demonstração
para o sistema educacional do País.”
A primeira escola pública de Brasília, o GE – 1, Escola Classe
Júlia Kubitschek, localizada no Núcleo Novacap/Candangolândia
teve a sua inauguração histórica em 10 de setembro de 1957, pelo
Presidente JK e Israel Pinheiro. A escola pioneira contava com
5 professores e 150 alunos e atendia aos filhos dos funcionários
do citado núcleo e às crianças da Vila Operária (Candangolândia)
e do Núcleo Bandeirante. Em setembro de 1958, surgiu a Escola
Dr. Ernesto Silva, na Companhia Construtora Nacional, com 160
alunos, tendo anexo um jardim de infância. A Escola Profissional
de Taguatinga, de nível médio, construída com recursos do Ministério
da Educação, foi inaugurada em 1959. Também em Taguatinga, em
1959, foi instalada a Escola Classe 01, sob a supervisão da NOVACAP.
Em 1959 foram inauguradas pela Novacap, em Brasília, 10 escolas,
2 jardins de infância e um grupo escolar (este em Taguatinga).
O Colégio Dom Bosco, dos Padres Salesianos e o Ginásio Brasília,
dos Padres Lassalistas, escolas particulares de nível médio, fucionam
em Brasília, desde 1958.
No final de 1959, a NOVACAP contava com mais de 100 professoras
primárias e orientava o ensino de 4682 crianças, em 18 escolas
primárias e 3 jardins de infância. No ensino particular, registrou-se
8 escolas primárias, com 1966 alunos e duas escolas de ensino
médio, com 508 alunos.

Execução
do Plano de Construções Escolares de Brasília (1957 a 1959)
Realizações para atender às necessidades iniciais da educação
primária. Foram instaladas sucessivamente as seguintes escolas
públicas, até o final do ano de 1959:
GE - 1, Grupo Escolar Júlia Kubitschek, no Núcleo Novacap
(na área do IAPB), na Velhacap, atual Candangolândia, (10 de setembro
de 1957),
Escola da Granja do Torto (março de 1958),
Escola Ernesto Silva da "Construtora Nacional" (setembro
de 1958),
Jardim de Infância Ernesto Silva (1958)
Jardim de Infância das Casas Populares,
Jardim de Infância 21 de Abril,
Escola da "Fundação da Casa Popular", com jardim de infância(março
de 1959),
Escola da CCBE e COENGE (abril de 1959),
Escola da "Metropolitana" (abril de 1959),
Escola "Pery da Rocha França" da Vila Planalto (maio de
1959),
Escola do Acampamento do IPASE (maio de 1959),
Escola da Vila Bananal (maio de 1959),
Escola da Vila Amaury,
Escola da Granja do Tamanduá (maio de 1959),
Escola da Granja do Riacho Fundo,
Escola da "Cerâmica Bênção" (agosto de 1959),
Escola da Fercal
Escola da Fazenda do Gama,
Escola do Acampamento da Construtora Rabello,
Escola Classe 01 de Taguatinga(1959)
Escola Profissional de Taguatinga (1959)
Escola Classe 305 Sul (12 de setembro de 1959)
Escola Classe 308 sul (outubro de 1959)
Escola da Papuda
Escola da Candangolândia
Escolas Particulares:
Colégio Dom Bosco,
Ginásio Brasília,
Instituto Educacional Batista,
Escola Paroquial N. S. de Fátima,
Escola Metodista,
Escola das Irmãs Dominicanas,
Escola Evangélica Presbiteriana,
Escola Evangélica de Brasília.
As linhas básicas para a organização do Sistema Educacional, que
foi implantado no DF, foram indicados pelo Instituto Nacional
de Estudos Pedagógicos, em trabalho iniciado em setembro de 1957,
sob orientação do educador Anísio Teixeira, conjugado com o plano
urbanístico da Nova Capital, de autoria de Lúcio Costa, com execução
de Oscar Niemeyer e supervisão de Israel Pinheiro, que comandaram
um exército de 30 mil candangos pioneiros, autênticos heróis da
Marcha para o Oeste.
Convém citar o historiador Ernesto Silva, em sua obra História
de Brasília (1985, p.236):
“Havia na cidade
livre, ou Núcleo Bandeirante, duas escolas particulares, mas a
NOVACAP providenciou desde logo uma sala de aula, no pavilhão
da administração, para os filhos de seus funcionários e operários.
Foram contratados dois professores: Amábile Andrade Gomes e Mauro
da Costa Gomes. É justo que citemos, para a posteridade, o nome
das professoras primárias pioneiras que sofreram em Brasília as
maiores dificuldades no seu esforço patriótico de servir ao País.”
Entre outras, destacaram-se
as seguintes professoras pioneiras ( 1957 a 1959):
Santa Alves Soyer,
Amábile Andrade Gomes, Alfa Aguiar, Ana Leal, Antônia Paczokoski,
Carmen Daher, Célia Cheir, Deicy Aguiar,Elza Kipgen, Eliza Alves
Cunha, Leocádia Toscano, Lydia Sambaqui, Maria Antônia Jacintho,
Maria Helena Fúrio, Maria Helena Parreiras, Maria Isaura Silva,
Maria de Lourdes Brandão, Maria de Lourdes Moreira dos Santos,
Maria do Rosário Bessa, Maria Tereza de Medeiros, Maristela Barbosa,
Mirthô Gonçalves, Nair Durão Barbosa Prata, Orbélia de Souza,
Sílvia Cintra Barros Tigre e Stella dos Cherubins Guimarães. No
final de 1959, a NOVACAP contava com mais de 100 professoras primárias
e orientava o ensino de 4682 crianças.
Professores pioneiros
que se destacaram no Distrito Federal ( 1957 a 1960):
Anísio Teixeira (Diretor
do INEP/MEC), Mauro da Costa Gomes, Paulo de Almeida Campos, Armando
Hildebrand( Diretor da CASEB),Adalberto Correa Sena, Aparício
de Cerqueira Branco, Dírcio Gulihon, Gildásio Amado, Gildo Willadino;
Heli Menegale, Hélio Medeiros; José Santiago Naud, Lafayette Garcia,
Mariana Alvim, Raimunda Fernandes, Roberto Gomes Leobons, Sáber
Abreu, Vicente de Paulo Umbelino. Em abril de 1960, 57 professores
foram contratados pela CASEB, para lecionarem no Ensino Médio.
Primeiros alunos de
Brasília:(1957 - 1958):
Gessy Soares da Silva,
Carlos Henrique Gomes da Cruz, Raulino de Oliveira Tristão Filho,
Walter Taciano de Oliveira Filho, entre outros. Os alunos citados
são filhos de servidores da Novacap.
CASEB:
Administração do Sistema Educacional de Brasília
A CASEB – Comissão de Administração do Sistema Educacional de
Brasília foi instituída em 22 de de 1959 (Decreto nº 47.472, de
22 de dezembro de 1959). Ficou automaticamente transferida para
esse órgão a atribuição de administrar o sistema educacional do
Distrito Federal, que vinha sendo exercido pela NOVACAP.
Criada pelo Ministério de Educação e Cultura, seus integrantes
logo verificaram os problemas que existiam para que, à ocasião
da inauguração de Brasília, o sistema público de ensino estivesse
devidamente instalado e em funcionamento. As maiores dificuldades,
se encontravam, especificamente, no que se refere ao Ensino Médio.
A CASEB cuidou de realizar concurso nacional para seleção de professores
de ensino médio de ensino primário (estes, para complementar o
quadro pré-existente, da NOVACAP).
Cinqüenta e nove professores, vindos de várias partes do País
se apresentaram a 8 de abril de 1960, realizando estágio e treinamento
em Brasília (8 a 17) e, a seguir, no Rio de Janeiro. A 16 de abril
era inaugurado o Centro de Ensino Médio que foi designado como
“CASEB”. O presidente Juscelino Kubitschek proferiu a Aula Inaugural
no CASEB, no dia 19 de abril de 1960 e registrou o seguinte comentário:
“Nenhum acontecimento
mais auspicioso para esta cidade, depois de sua fundação, do que
o ato que aqui nos reúne para oferecer à juventude os quatro cursos
completos deste primeiro Centro de Educação Média, ponto de partida
para o vasto programa com que o Governo Federal atender aos problemas
da Cultura da Capital do País.”
Por força do Decreto
nº 48.297, de 17 de junho de 1960, foi criada a Fundação Educacional
do Distrito Federal, com a finalidade de executar a política educacional
do Distrito Federal, de modo a assegurar a eficácia do sistema
de ensino oficial. A Fundação Educacional foi vinculada à Superintendência
de Educação e Cultura, criada pelo decreto nº 43, de 28 de março
de 1961. O Conselho de Educação do Distrito Federal foi instituído
pelo Decreto nº 171, de 7 de março de 1962, como órgão de deliberação
coletiva, normativo e orientador das atividades educacionais do
Sistema de Ensino do Distrito Federal. O Conselho foi instalado
no dia 21 de junho de 1962. A lei 4545, de 10 de dezembro de de
1964, instituiu a Secretaria de Educação e Cultura, a quem foi
dada a competência do ensino elementar, médio e supletivo, bem
como as atividades culturais e de intercâmbio.

Princípios
norteadores da CASEB e da Secretaria de Educação do DF, fundamentados
no pensamento de Anísio Teixeira:
A educação é direito individual e dever social;
Educação é dever solidário;
A escola deve suas fronteiras e diversificar seus procedimentos;
A educação deve facilitar a preservação e proteção a valores
e bens culturais;
Educar é respeitar a espontaneidade da manifestação cultural,
com estímulo à participação;
O aluno é o centro de todo o esforço educacional;
Igualdade de oportunidades educacionais significa condições
iguais;
Se na sua dimensão individual, a educação é um direito,
no social, ela se torna um dever ;
Não bastam metas quantitativas; é preciso perseguir e conquistar
a qualidade.
Depoimento do Professor Armando Hildebrand (Diretor da CASEB):
"Talvez o espírito
de Brasília de inovação, o próprio plano de educação da cidade
elaborado pelo Professor Anísio Teixeira, tudo indicava que deveria
ser um ensino dinâmico, um ensino realista, um ensino diversificado,
com a valorizaçao da parte artística, da parte do trabalho."
Atualmente, duas grandes
preocupações relevam junto às demais: a primeira diz respeito
à observância de aspectos legais; a segunda, já em plano mais
teórico, concerne à formação docente e discente de novos paradigmas
que se vislumbram na educação. A educação se faz interagindo com
o universo de conhecimentos que a cerca e do qual faz parte.
O novo suporte legal que orienta a educação na capital do Brasil
fundamenta-se na Lei 9.394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, nas Diretrizes Curriculares Nacionais, nos Parâmetros
Curriculares Nacionais e na Resolução 02/98 do Conselho Federal
de Educação, entre outros instrumentos.

Gustavo Dourado
Assessoria de Imprensa
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